A ruptura muscular da panturrilha é uma lesão comum na corrida. Descobre como a tratar e evitar que ela volte a acontecer.

O que é uma ruptura de panturrilha?

Uma ruptura da panturrilha ocorre quando um dos músculos da panturrilha é sobrecarregado, resultando na ruptura de algumas de suas fibras. Trata-se de uma lesão muito comum entre corredores, embora tenha aparecido pela primeira vez na literatura médica em 1883 sob o nome de "perna de tenista". Naturalmente, a ruptura da panturrilha pode ocorrer em qualquer desporto e em qualquer corredor. Um estudo publicado em 2022, no Journal of Bone and Joint Surgery, revelou que lesões na panturrilha são mais frequentes entre atletas de elite com idades entre 22 e 28 anos, mais comuns entre homens, e aparecem como lesões recorrentes em cerca de 19 a 31% dos casos. Entre amadores, entretanto, o grupo mais em risco é composto por corredores mais velhos, especialmente homens. No entanto, qualquer pessoa pode sofrer uma ruptura de panturrilha, e a sua gravidade pode variar bastante.

Como é a sensação de uma ruptura na panturrilha?

Uma ruptura na panturrilha geralmente manifesta-se como uma dor aguda e repentina, acompanhada de uma sensação de "estalo" ou "crepitação". Normalmente, não é o tipo de dor que permita continuar a correr. Mesmo que seja possível, não se deve fazê-lo, pois pode agravar o quadro. Outros sintomas podem incluir tensão na panturrilha, uma área sensível e dorida ao toque, inchaço e incapacidade de impulsionar corretamente a perna. Todos estes sintomas normalmente diminuem com o repouso.

O que fazer?

Se suspeitas que rompeste um músculo da panturrilha, deverás parar de correr imediatamente. É aconselhável aplicar gelo o quanto antes. Poderás usar uma bolsa de frio, como o Pack Reutilizável Quente & Frio. Alguns dizem que isto pode retardar a cura, mas acredita-se que o atraso seja insignificante.

Em caso de dor, recomenda-se colocar uma pequena elevação no calcanhar do calçado — ou usar sapatos com salto mais alto — para aliviar o músculo da panturrilha durante o movimento.

Talvez já conheças o método RICE (Repouso, Gelo, Compressão, Elevação), mas aqui está um novo acrônimo: PEACE and LOVE (paz e amor). Este é o melhor tratamento a aplicar após uma lesão de tecidos moles.

  • P = Proteção – evitar correr e usar palmilha se ajudar
  • E = Elevação
  • A = Evitar anti-inflamatórios – eles retardam o processo de cura nos primeiros dias (embora o efeito seja mínimo)
  • C = Compressão
  • E = Educação – provavelmente a lesão se recuperará com o tempo se ouvires o teu corpo
  • L = Carga – deixa a dor guiar e começa a reabilitação
  • O = Otimismo – Tem confiança na recuperação
  • V = Vascularização – Pratica exercícios cardiovasculares de baixo impacto para aumentar o fluxo sanguíneo, como ciclismo ou natação
  • E = Exercício – Participa ativamente na recuperação realizando os exercícios indicados abaixo

Quais os músculos envolvidos numa ruptura da panturrilha?

Gastrocnêmio e sóleo

A panturrilha é composta por três músculos distintos. Os dois principais são o gastrocnêmio e o sóleo. O gastrocnêmio é o mais volumoso — normalmente é possível ver o contorno observando a perna. Ele estende-se pela parte posterior da perna, do fêmur ao tendão de Aquiles, conectando o joelho ao tornozelo. O sóleo é mais largo e achatado, situado mais profundamente na perna que o gastrocnêmio. Começa logo abaixo do joelho e desce ao longo da perna para se conectar ao tendão de Aquiles acima do calcanhar. Como ambos os músculos se unem nesse ponto, algumas pessoas consideram a panturrilha como um grande músculo dividido em duas seções. Juntos, esses músculos ajudam a caminhar, correr e saltar.

Plantar

Existe ainda um terceiro músculo, o plantar, uma estrutura longa e fina ao lado do tendão de Aquiles. Ele atua junto ao tendão de Aquiles durante a flexão do tornozelo ou do joelho, permitindo ficar na ponta dos pés ou apontar o pé.

O músculo mais frequentemente envolvido nas rupturas de panturrilha é o gastrocnêmio, e o local onde geralmente se sente a tensão é a parte interna central, na metade da altura, na face interna da perna. Uma lesão no sóleo ou plantar é menos comum, geralmente ocorre mais abaixo na perna, perto do tendão de Aquiles, e pode apresentar dor de forma mais gradual.

Outras causas possíveis

Enquanto uma ruptura do gastrocnêmio é relativamente fácil de identificar, os outros dois músculos podem ser mais difíceis de distinguir. Muitos corredores não sabem que o tendão de Aquiles, que envolve a parte posterior do calcanhar, se estende até a metade da panturrilha, o que faz com que uma dor repentina nessa região possa estar associada ao tendão de Aquiles. Uma ruptura do tendão de Aquiles pode se manifestar como dor súbita na metade da panturrilha e sensação de pontada. É fundamental procurar um fisioterapeuta para um diagnóstico adequado, já que rupturas do tendão de Aquiles podem ser mais graves e, se completas, requerem imobilização ou até mesmo cirurgia.

Qual a gravidade da lesão e quanto tempo é necessário para recuperar?

Quando a dor começa a diminuir, é recomendado realizar elevações do calcanhar, primeiro com ambos os pés juntos, depois evoluindo para o exercício em uma perna só. No entanto, se não for possível realizar o movimento sem dor, é preciso ser avaliado por um profissional, pois pode indicar rompimento total do tendão de Aquiles, que exige imobilização ou cirurgia.

O tempo de recuperação de uma ruptura de panturrilha depende da gravidade da lesão, geralmente classificada por graus:

  • Grau 1: mais leve, poucas fibras musculares lesionadas. Recuperação de 1 a 3 semanas, mas é importante repousar.
  • Grau 2: lesão moderada, mais fibras rompidas, mas não há ruptura total. Recuperação de 4 a 8 semanas, podendo causar dor intensa e limitar o uso do músculo normalmente.
  • Grau 3: mais grave, inclui ruptura da maioria ou de todas as fibras, podendo ser total e exigir cirurgia. Recuperação de cerca de três meses, podendo chegar a seis para cura completa. Costuma causar inchaço e hematoma local.

Diferença entre ruptura e rotura

Ruptura e rotura significam a mesma coisa. A diferença é que a ruptura pode ser parcial ou total. Uma ruptura de grau 3 equivale a uma rotura completa.

Devo alongar a panturrilha lesionada ou usar rolos de massagem?

Apesar de parecer contraditório, não se recomenda alongar a panturrilha lesionada durante a recuperação, pois pode prejudicar as fibras em cura e prolongar o tempo de reabilitação. Começa apenas a alongar quando for possível contrair o músculo sem dor. Da mesma forma, não deverás usar rolo de massagem na região lesionada na fase aguda; só deves voltar a utilizar quando puderes fazer elevação do calcanhar em uma perna sem dor.

Porque razão alguns corredores têm maior risco de ruptura da panturrilha?

Muitos corredores sofrem rupturas de panturrilha ao mudar algo na sua rotina — aumento súbito de quilometragem, troca de calçado ou de superfície. São lesões de sobretreino e a causa nem sempre é clara. Por isso, é fundamental consultar um fisioterapeuta para identificar e corrigir possíveis fraquezas ou desequilíbrios que contribuíram para a lesão.

Uma das razões mais comuns é que outros músculos não trabalham tão eficientemente quanto deveriam, sobrecarregando a panturrilha. Por exemplo, se os glúteos não estão ativos o suficiente durante a corrida, o fisioterapeuta pode recomendar exercícios para fortalecê-los.

Infelizmente, o risco de ruptura da panturrilha aumenta com a idade. O grupo mais afetado são homens de 40 a 60 anos; num estudo com mais de 2.000 lesões relacionadas à corrida, 70% das lesões do gastrocnêmio foram em homens.

Como evitar nova ruptura da panturrilha?

A melhor forma de prevenir lesões é entender o que levou à ruptura e corrigir fraquezas sob supervisão de um fisioterapeuta.

É essencial fortalecer o músculo-tendão com elevações de panturrilha, pois aumentam a rigidez do tendão. Alongamentos não estão associados à redução do risco de lesão. Com o envelhecimento, a rigidez geral diminui, o tendão de Aquiles fica menos rígido, aumentando o risco de lesão. Exercícios específicos para o tendão podem ser úteis.

O melhor caminho para a reabilitação é seguir um programa de carga e força progressivas, feito em casa ou no ginásio.

O que fazer ao retornar a corrida?

Voltar a correr após uma ruptura de panturrilha pode ser difícil e preocupante. O regresso deve ser gradual, sem pressa.

Um aquecimento completo é sempre recomendável para prevenir lesões, aumentando o fluxo sanguíneo e preparando os músculos. Pode ser tão simples como começar a correr devagar e fazer exercícios de mobilidade antes de acelerar.

O fortalecimento regular da panturrilha é frequentemente negligenciado. Exercícios de força aumentam a capacidade do músculo de absorver carga mecânica e a resistência a novas rupturas.

Como tratar uma ruptura muscular de panturrilha?

O protocolo de eletroestimulação recomendado para tratamento de uma ruptura muscular diagnosticada é o seguinte:

Nos 3 primeiros dias após o acidente:

  • Só programa anti-dor TENS (evita outros para não agravar o hematoma)
    • Elétrodos: cobrir a região dorida com quantos forem necessários
    • Intensidade: aumentar até sentires formigueiro intenso
    • Frequência do tratamento: conforme evolução da dor, várias sessões ao dia se necessário
  • Do 4º dia até a cicatrização (teoricamente 21 dias, mas confirmar com avaliação médica):
    • Programa Endorfínico: aumenta o fluxo sanguíneo local e favorece a cicatrização
    • Elétrodos: pequeno positivo (vermelho) no ponto mais doloroso à palpação, grande negativo (preto) no alto/médio da panturrilha se a lesão for alta
    • Intensidade: aumentar progressivamente até conseguir uma vibração muscular visível
    • Frequência: mínimo uma sessão por dia, se possível manhã e noite
  • A partir do 21º dia: cicatrização realizada (pode levar mais tempo, requer parecer médico):
    • Programa de amiotrofia: 1 semana, depois remusculação por 2-3 semanas
    • Elétrodos: conforme orientação (desenho nº 4)
    • Intensidades: aumentar progressivamente até conseguir contração visível; aumentar a cada sessão até a intensidade máxima suportável, sem provocar dor
    • Frequência: uma sessão por dia

Programa de fortalecimento dos músculos da panturrilha

Inclui — ou integra partes — deste programa no teu treino de força duas vezes por semana. À medida que evoluis, ou para prevenção, adiciona peso segurando halteres. Sete vezes o peso do corpo é transferido pelo tendão de Aquiles e pela panturrilha a cada passo; o objetivo é atingir de 1 a 1/3 do peso corporal no total para evitar rupturas.

Elevação de panturrilha

  • Com a perna esticada, contrai os quadríceps e fica na ponta dos pés.
  • Mantêm os quadris alinhados com a parede.
  • Empurra para cima.
  • Aumenta até 30 repetições.

Elevação do sóleo

  • Flexiona o joelho de 20 a 30 graus e fica na ponta dos pés.
  • Mantêm os quadris e ombros alinhados.
  • Desce devagar.
  • Repete até 30 vezes.

Elevação de joelhos para panturrilha

  • Agacha-te com apoio na parede, com ângulo de joelho de 90 a 120 graus.
  • Levanta e baixa os calcanhares.
  • Faz 15 repetições.

Afundo na parede, elevação de panturrilha

  • Coloca o pé de trás contra a parede.
  • Fica na posição de afundo, com o joelho da frente atrás dos dedos do pé.
  • Reduz a amplitude do pé para simular corrida.
  • Empurra o pé de trás contra a parede para ativar glúteos.
  • Levanta o calcanhar do pé da frente.
  • Faz 10 repetições.

3 alongamentos pós-treino para flexibilidade da panturrilha

Alongamento do sóleo

  • Coloca o calcanhar no chão e flexiona o joelho para frente.
  • Sente o alongamento ao longo da panturrilha

Alongamento do gastrocnêmio

  • Pés alinhados, calcanhar de trás pressionando o solo.
  • Inclina o peso do corpo para a frente para sentires o alongamento atrás da panturrilha.
  • Mantêm por 40 segundos, depois troca de lado.

Cachorro deitado

  • Empurra o calcanhar no chão, quadris altos, costas retas.
  • Mantêm por 40 segundos, depois troca de lado.

EFICÁCIA COMPROVADA
Apoiados por estudos clínicos que comprovam a sua eficácia, os estimuladores Compex pertencem à categoria de dispositivos médicos de classe II e cumprem os requisitos da Norma Médica Europeia 93/42 CEE.

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